Explorando a Barra Funda

Abaixo se encontram fotos de casas tanto residenciais e comerciais com arquitetura típica em estilo mastrocapri, o qual apresenta em suas fachadas os  traços dos primeiros imigrantes italianos que fundaram o Bairro.

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Fonte: Autores, 2015

Programação Theatro São Pedro- Dezembro

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DIA 4 | 20h – Balé
SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA
SUÍTE LA SYLPHIDE – 2014
GRAND PAS DE DEUX DE O CISNE NEGRO – 2014
PETITE MORT – 1991
regência Luiz Gustavo Petri

DIA 5 | 20h – Balé
SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA

DIA 6 | 17h – Tardes de Canções
ANTÔNIO CARLOS GOMES
Sala Dinorá de Carvalho
solistas Amanda Lyma, Elizabeth Ratzersdorf,
Amanda de Souza piano Flávio Lago*

DIA 6 | 19h – Balé
SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA

DIA 8 | 12h – Música de Câmara Brasileira
SÉC. XX E XXI

DIA 18 | 20h – Ópera em Concerto
OS PESCADORES DE PÉROLAS
de Georges Bizet com libreto de
Eugène Cormon e Michel Carré
elenco
Leila | Chiara Santoro* | soprano
Nadir | Anibal Mancini* | tenor
Zurga | André Rabello* | barítono
Nourabad | Gustavo Lassen* | baixo
Coral Lírico Paulista
Orquestra do Theatro São Pedro
direção musical e regência
Luiz Fernando Malheiro e André Dos Santos

 

Fonte: http://www.theatrosaopedro.org.br/temporada-de-2015/

Evento: Flash Mob no Metrô

Confira alguns momentos marcantes dos Flash Mob do Theatro São Pedro na Estação Marechal Deodoro. Uma parceria entre o teatro e a Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô.

Em 19 de agosto, o elenco de Bodas no Monastério, ópera de Sergei Prokofiev que esteve em cartaz no Theatro São Pedro entre agosto e setembro, apresentou algumas árias.

Fonte: http://www.theatrosaopedro.org.br/flash-mob-no-metro/

Ruas antigas de um bairro que se renova

“Estão na Barra Funda edificações que no seu tempo foram orgulho da capital e que hoje vão morrendo lentamente, tijolo a tijolo, ladrilho a ladrilho, numa clara mostra de que São Paulo enterra suas casas antes de seus mortos”. -Levino Ponciano

Desta forma, escolhemos dentre o extenso bairro da Barra Funda, dar visibilidade para as duas ruas mais antigas, a Rua Brigadeiro Galvão e a Rua Barra Funda, cujas identidades também foram se perdendo ao longo do tempo. Casas antigas foram demolidas e substituídas pelo moderno, e o que lá permanece, acaba sendo abandonado ou até mesmo reformado.

Entendendo o contexto, a Rua Brigadeiro Galvão foi nomeada assim em homenagem a José Pedro Galvão de Moura, o brigadeiro Galvão, que nasceu em Santos, em 1746. Ele se alistou como cadete em 31 de março de 1762 no Regimento de Infantaria na mesma cidade. Serviu o Rio Grande do Sul, em 1765, onde se distinguiu por seus atos de bravura. Como capitão marchou outras vezes para a campanha do Estado Oriental em 12 de julho de 1775. Conquistando todos os postos nas campanhas em que tomou parte, atinge o posto de brigadeiro. O seu filho Joaquim Mariano Galvão de Moura Lacerda seguiu-lhe os passos gloriosos. Faleceu em São Paulo, em 19 de junho de 1822.

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Fonte: Autores, 2015.

Já a rua Barra Funda, recebeu  esse nome em homenagem ao próprio bairro que ali começara a crescer. É portanto, uma das ruas mais antigas e símbolo de uma arquitetura que foi presente no bairro por muito tempo. Não é atoa que os prédios desta rua foram quase que inteiramente construídas no estilo capomastri, por volta de 1895, pelo capomastro Domenico Sordini, assim como várias outras ruas nos Campos Elísios e Bom Retiro.

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Fonte: Autores, 2015.

No mapa abaixo, foram destacadas em vermelho as duas ruas por nós estudadas: Ruas Brigadeiro Galvão e Barra Funda; em azul, observa-se o terminal intermodal Barra Funda bem como, em preto, o caminho que deve ser seguido a fim de se chegar nas duas ruas destacadas. Por fim, a área circulada em verde representa o Memorial da América Latina como ponto de referência.

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Fonte: Autores, 2015.

 

Fontes: Dicionário de ruas. Disponível em: <www.dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/ListaLogradouro.asp
Sp Bairros. Disponível em: <www.spbairros.com.br/barra-funda>

Theatro São Pedro e sua arquitetura

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Fonte: Autores, 2015.

O Theatro São Pedro, foi construído pelo imigrante português Manuel Fernandes Lopes, homem de negócio que fez fortuna no Brasil e, como gratidão à terra que o acolheu, ofereceu diversão aos brasileiros de São Paulo. Inaugurado em 16 e janeiro de 1917 é um dos poucos remanescentes dos cerca de vinte e cinco teatros de bairro que existiam no início do século XX, como o São José, Santa Isabel e o Colombo.

Criado inicialmente para a variedade cultural que imperava na época em que reunia em uma programação eclética operetas, dramas, espetáculos musicais, dança, comédias teatrais e concertos, hoje é considerado um teatro de ópera.

Como no início do século XX imperava a cultura européia, o teatro foi construído com estilo variados, com forte influência neoclássica e leve inspiração art nouveau. Suas paredes, em tom salmão, contrastavam com a tonalidade das cortinas de veludo vermelhas e verdes, uma alusão à pátria portuguesa do seu idealizador. O projeto era de importante construtora da época Siciliano & Silva, assinado pelo arquiteto Augusto Marchesini.

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Fonte: Autores, 2015.

 

Fonte: BRUNELLI, Aidelli S. Urbani; et al. Revista Barra Funda. São Paulo: DPH, 2006. Série História dos Bairros, Vol. 29

Estilo arquitetônico presente ao longo das décadas

O ano de 1890 é considerado o início das primeiras edificações nos bairros da Barra Funda, Bom Retiro, Canindé, Carandiru e Pari. Ano em que Antonio Prado encomendou de Luigi Pucci (capomastro italiano notável pelas suas realizações e responsável pela execução do projeto do Museu do Ipiranga) o plano geral de edificações e construção do palacete da famosa Chácara do Carvalho, cuja sede, durante anos, foi o ponto preferido da “fina flor” da intelectualidade paulistana. A importância desse fato é que a construção da chácara induziu ao rápido desenvolvimento dos bairros da Barra Funda e Campos Elísios, originando o loteamento da área.

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Fonte: Autores, 2015. Fachada de uma casa preservada na rua Barra Funda

Apesar de a Barra Funda de Cima já ter consolidado a sua formação em termo de ocupação entre os anos de 1910 e 1915 a cidade de São Paulo recebeu um grande afluxo de população, sem que houvesse uma correspondente oferta de imóveis para atender às novas necessidades. A escassez de casas de aluguel tornara-se aguda, multiplicando-se as queixas contra o prefeito Antônio Prado, que estava mais preocupado com a remodelação da cidade- exigia demolições indiscriminadas, obrigando a população a procurar novas casas de aluguel elevado- do que com problemas da habitação, como a proliferação de cortiços explorados por locadores e sublocadores italianos.

Outra característica comum nos bairros populares da época – e presente na Barra Funda- são as vilas operárias (ou casas de vivenda), construídas nas imediações das fábricas. Eram alugadas para operários, configurando um novo tipo de investimento que associava a montagem de uma indústria ao desenvolvimento imobiliário da região em que se inseria.

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Fonte: Autores, 2015. Fachada de casas do século passado

A elite do bairro residia nas vizinhanças de Campos Elísios e Santa Cecília, pontos que ainda hoje guardam resquícios de uma ou outra residência maior e mais pretensiosa. Maior área, porém, não escapava à regra dos bairros operários da época: habitações de aspecto moderno, térreas, geminadas, com pequena frente, geralmente possuindo porões dando diretamente para a rua e obedecendo a um estilo mais padronizado. Contudo, em 1930 tornou-se mais rápida o adensamento da várzea e a modificação da Barra Funda de Cima; com início da instalação do comércio deu-se o abrandamento do contraste entre os Campos Elísios –bairro de elite- e a Barra Funda –bairro operário popular-, ocasionando a decadência do primeiro e a caracterização do segundo mais como local de classe média baixa. No limite dos dois bairros começaram a aparecer os cortiços, ocupando os casarões.

A década de 1940 marcou a cidade de São Paulo, urbanisticamente, em virtude dos grandes projetos viários das avenidas e por uma densa verticalização (prédios mais altos e com apartamentos menores). Entretanto, a Barra Funda parece não ter sido efetivamente afetada, exceto quando da construção da Via Elevada Presidente Artur da Costa e Silva- o “Minhocão”- entre os anos de 1969 e 1971, que até hoje é apontado como agravante no processo de estagnação e deterioração do bairro.

A verticalização começava lentamente a fazer parte da realidade desse bairro com poucos edifícios de apartamentos. Seu perfil horizontal ainda é um contraste na paisagem de uma região na cidade cercada pelos espigões dos bairros vizinhos. Os poucos prédios existentes formam um a paisagem estranha dentro de um ambiente constituído principalmente por um comércio variado, porém pouco expressivo, e residências antigas e simples, com detalhes arquitetônicos entalhados no início do século XX. Os casarões antigos foram transformados em cortiços e vilas. As primeiras indústrias da cidade foram substituídas pelas oficinas e por pequenas médias fábricas. Apesar do início do funcionamento da linha leste-oeste do metrô, em 1988, da construção do terminal intermodal da Barra Funda –o maior da cidade- da Rodoviária Oeste, e da inauguração do Memorial da América Latina (projeto do Oscar Niemeyer), os resultados dessas melhorias ainda não são evidentes, inobstante de já se terem passado mais de dez anos, alterando muito pouco o perfil do bairro, aparentemente parado no tempo

Localizada a cerca de três quilômetros da Praça da Sé, o bairro chegou ao final do século XX como espaço ainda bastante ocupado por antigas construções, onde existem poucos terrenos vazios, o que pode instigar a idéia de demolição para dar espaço a novas edificações.

Atualmente, a qualidade as edificações existentes, com seu padrão e estado geral de conservação não é convidativa à instalação de negócios mais sofisticados. Mas o que chama a atenção neste lugar divido pela linha do trem são as contradições: casas de estilo interiorano com famílias que ainda põem cadeiras nas calçadas para colocar as novidades em dia, misturadas a pontos de prostituição próximos aos shoppings centers,parques e construções arquitetônicas arrojadas, como o Memorial da América Latina.

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Fonte: Autores, 2015. Verticalização do bairro ao fundo e, na frente, antigo prédio histórico.

 

Fonte: BRUNELLI, Aidelli S. Urbani; et al. Revista Barra Funda. São Paulo: DPH, 2006. Série História dos Bairros, Vol. 29

Uma típica casa antiga

Quanto às construções, no final do século XIX, caracterizavam-se pelo tipo capomastro, ou seja, com ênfase na fachada, ficando a divisão dos cômodos para segundo plano. Eram casas com pequena frente, muita área de fundo, quartos enfileirados, entrada lateral, cozinha e banheiro nos fundos, e porão – que serviam para guardar coisas que não cabiam nos quartos e, mais tarde, como moradia a ser locada. Algumas tinham oficinas, outras armazéns ou bares à frente. As ruas Barra Funda e Adolfo Gordo foram quase que inteiramente construídas nesse esquema, por volta de 1895, pelo capomastro Domenico Sordini, assim como várias outras ruas nos Campos Elísios e Bom Retiro.

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Fonte: Autores, 2015

 

Fonte: BRUNELLI, Aidelli S. Urbani; et al. Revista Barra Funda. São Paulo: DPH, 2006. Série História dos Bairros, Vol. 29

Conhecendo o Welcome Barra Funda

 

Durante todo o processo de desenvolvimento deste trabalho, a ferramenta escolhida para dar a visibilidade especificamente duas ruas do Bairro da Barra Funda foi o blog – forma de interação social nas práticas discursivas na internet. O blog configura-se como um diário online, importante ferramenta que possibilita uma permanente interação social entre os agentes sociais e o bairro, devido ao seu formato cotidiano. Através dele, buscamos resgatar a memória e identidade do bairro a partir da interação dos agentes sociais compostos por moradores, trabalhadores, frequentadores, e estudantes do mesmo. Para isso, recuperar a identidade e a memória das ruas que estão no entorno do famoso Memorial da América Latina são fundamentais para dar visibilidade e ampliar um segmento turístico pouco explorado na Barra Funda: o turismo histórico cultural, enfatizando a arquitetura dos prédios antigos.